Leite faz mal? Leite inflama? O que é a intolerância à lactose? Como descobrir se eu tenho? Quais proteínas do leite são tidas como inflamatórias? Vem comigo até o final para saber de tudo.
Para entender melhor sobre o leite, vamos revisitar a história,.
Os humanos aprenderam a explorar ruminantes há 10.000 anos atrás. Boi, cabra, carneiro… Começamos a obter alimentos a partir destes animais.
A exploração se desenvolveu, se modernizou e hoje a indústria de laticínios é um dos maiores setores na indústria de alimentos moderna.
Não tem como falar sobre o leite apenas sob um aspecto negativo, ele apresenta uma série de vantagens nutricionais.
- Rico em cálcio;
- Fonte de triptofano, um aminoácido importante para a síntese de melatonina, nosso hormônio do sono;
- Fonte de imunoglobulinas importantes para o sistema imune;
- Tem gorduras boas para a saúde;
Apresenta sim muitos benefícios, mas não é a melhor opção para grande parte das pessoas e está longe de ser a única. Nenhum alimento é insubstituível.
Agora é a hora que você se pergunta: “Mas por que não faz bem? Por causa da lactose?
A lactose não é o problema do leite. Pelo contrário, ela é o principal carboidrato no leite de mamíferos e a principal fonte de energia para bebês no primeiro ano de vida, provendo cerca de 50% da energia requerida.
O problema da lactose começa a partir do segundo ano de idade, pasmem, onde A MAIOR PARTE DOS HUMANOS, cessa a sua produção da enzima que digere a lactose, a lactase. Gerando uma intolerância generalizada à lactose na população adulta.
Tava se sentindo muito diferente por ser intolerante à lactose? Pois fique tranquilo, grande parte da população também é, mesmo sem saber.
Após o desmame, todos os mamíferos se tornam naturalmente intolerantes à lactose.
75% da população humana apresenta essa intolerância.
Pode ser que você esteja lendo este post e nunca tenha se sentido mal tomando o leite, e isso realmente acontece com uma pequena parcela de pessoas. A persistência da lactase é tida como um exemplo da evolução humana recente, onde o gene sofreu mutações para suportar a lactose mesmo na fase adulta.
Agora, se você é como a maioria da população, pode perceber a intolerância à lactose através de vários sintomas: diarreia, constipação, gases, dor abdominal, flatulência e/ou inchaço que acontece após a ingestão de lactose.
Os sintomas são um resultado da secreção de proteínas catabólicas e fragmentos de fermentação bacteriana de lactose não digerida no cólon.
Quando a lactose chega no intestino, é uma molécula muito grande para ser digerida e absorvida, por isso a lactase quebra ela em duas moléculas menores, galactose e glicose, para que não haja problemas com a digestão.
Na falta da lactase, como acontece naturalmente conforme crescemos, você já imagina o resultado.
O excesso de lactose não digerida é fermentada pelas bactérias presentes naquela região resulta em fezes líquidas e pastosas.
Podendo gerar gases e inflamação.
Os sintomas da baixa produção de lactase começam na adolescência/ vida adulta.
Algumas pessoas relatam menos sintomas ao consumir os derivados do leite, como os queijos e iogurte. Isso acontece porque parte da lactose já foi consumida pelas bactérias que fermentam estes produtos.
A verdade é que, sim, o leite é muito nutritivo, mas para o bezerrinho e as poucas pessoas que toleram sua composição.
As necessidades nutricionais são diferentes para cada espécie, e nós humanos não temos a mesma necessidade de um bezerro. Este é o grande problema, o leite das vacas não é compatível com as nossas células.
O leite de vacas tem 4x mais caseína que o leite materno.
Todas as espécies de mamíferos passam pelo desmame obrigatório, menos o homem, que insiste em consumir mais leite do que deveria.
Muitas pessoas e profissionais da saúde defendem tanto assim o consumo alegando a necessidade de cálcio, que realmente existe, mas não precisa ser satisfeita com o leite.
Falando sobre bioquímica, o cálcio que entra na nossa boca via alimentação, não tem garantia nenhuma de que vai para os ossos. A não ser que o cálcio use o Waze hahaha
Para que o cálcio vá para os ossos e fique por lá, outros elementos são indispensáveis: o magnésio, a vitamina D e a vitamina K2.
No leite de vaca, estes nutrientes não estão presentes em quantidades suficientes, quando comparamos a quantidade de magnésio no leite de vaca e no leite materno, o primeiro tem 9x menos deste mineral.
A vaca não produz cálcio do nada, ela precisa consumir os verdes, que são recebidos pelo estômago, são hidrolisados, absorvidos no intestino e caem na corrente sanguínea para então estarem presentes no leite.
Isso quer dizer que você pode consumir cálcio de outras formas na sua alimentação, através do brócolis, crucíferas, do gergelim que é riquíssimo nele, do chá de folhas de amora.
Inclusive, esse chá é muito indicado para mulheres com osteopenia/osteoporose. Pode ser um forte aliado para você!
O problema do leite não está na lactose, está na INFLAMAÇÃO. Causada pelas proteínas do leite grande parte das pessoas.
Devido aos seguintes pontos:
- O leite de vaca tem 4x mais caseína quando comparado ao leite materno, sobrecarregando nosso intestino.
- A betalactoglobulina, uma proteína inexistente no leite materno, está presente no leite de vaca e não fomos preparados para digeri-la.
Qual a chance de termos no nosso corpo uma enzima que quebra uma proteína que não fomos preparados para consumir? Não tem.
Essa sobrecarga causa inflamação na mucosa intestinal, gerando hiperpermeabilidade e disbiose. Está muito associada com casos de repetição de otites, rinite, sinusite, amigdalite, asma, candidíase em mulheres, infecções urinárias e bronquite.
E também com sintomas na pele, como rosácea e acnes.
Se você sofre com algum destes problemas e já é uma pessoa que tem uma alimentação regrada, experimenta tirar os leites e derivados por um mês para ver como se sente.
A escolha é sempre sua, o que eu trago aqui são informações baseadas em ciência e na prática.